Presidente fez o primeiro
pronunciamento após os protestos que levaram 1,5 milhão de pessoas às
ruas brasileiras, no último domingo
Da redação, com AE
Em discurso na tarde desta segunda-feira, o primeiro após os protestos que levaram 1,5 milhão de pessoas às ruas no último domingo (15), a presidente Dilma Rousseff defendeu as medidas de austeridade econômica adotadas pelo governo e pediu "mais diálogo" à população e ao Congresso.
Dilma focou seu discurso nas necessidades de ajustes na economia e
afirmou que é necessária união neste momento. "Vamos brigar depois",
disse.
"Toda vez que se tenta combater uma crise econômica, ela cria um
problema social e financeiro", afirmou Dilma, sobre a atual situação das
contas do governo.
A presidente também foi perguntada sobre a postura do governo no
momento de instabilidade e sobre as declarações de Eduardo Cunha,
presidente da Câmara, de que a corrupção está no Executivo. "Você só
pode abrir diálogo com quem quer abrir diálogo, eu procurarei abrir
diálogo com quer for", disse.
Dilma afirmou que está aberta a receber críticas e que tem
disposição para dialogar sobre os erros que seu governo possa ter
cometido, mas ressaltou também que será firme na iniciativa do ajuste
fiscal.
"Sem interferências no MP"
Depois de o Ministério Público Federal (MPF) denunciar à Justiça o
tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, por crimes de corrupção
passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, a presidente Dilma
Rousseff disse nesta segunda-feira, 16, que essa denúncia mostra como é
"absolutamente infundada" a especulação de possíveis interferências do
Palácio do Planalto na atuação do Ministério Público.
Vaccari consta da lista de 21 alvos da nova denúncia da
Procuradoria-Geral da República no âmbito da Lava Jato. É a primeira
acusação formal contra Vaccari e também a primeira contra o ex-diretor
da Petrobras Renato Duque, preso nesta segunda-feira, no Rio, na décima
fase da operação, batizada de "Que País é esse?".
"Esses acontecimentos mostram que todas as teorias a respeito de
como é que o governo interferiu sobre o Ministério Público, ou sobre
quem quer que seja, pra investigar ou fazer qualquer coisa com quem quer
que seja, é absolutamente infundada", disse Dilma em entrevista
concedida a jornalistas, depois de participar da solenidade de sanção do
novo Código de Processo Civil.
"Se querem investigar, vão investigar. Quem for responsável, pagará
pelo que fez. Só isso. Todo mundo tem o amplo direito de defesa, o que
vale pra todo mundo vale pra todo mundo", prosseguiu a presidente.
Questionada pelo se os novos acontecimentos poderiam atrapalhar
ainda mais a vida do governo e aumentar a insatisfação popular, Dilma
respondeu: "Eu não acredito, não".
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